quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Depois da festa, a ressaca

           Depois das merecidas champagnes em Copiapó para comemorar o resgate dos mineiros chilenos, é necessário refletir sobre as condições de trabalho dessa classe trabalhadora, e em particular dos 33 mineiros chilenos. 
           De acordo com a declaração do diretor da OIT Juan Somavia (que é chileno) proferida ontem, "o setor de mineração emprega cerca de 1% da força de trabalho do mundo, e no entanto é responsável por 8% dos acidentes fatais", informou. "A cada dia morrem no mundo 6.300 pessoas por acidentes ou doenças relacionados ao trabalho, o que representa mais de 2,3 milhões de mortes por ano. Além disso, há 337 milhões de acidentes que ocorrem todos os anos nos locais de trabalho."
           Mário Supúlveda, um dos 33 mineiros resgatados ontem a 622 metros de profundidade, desabafou:
           “Eu acho que este país tem de compreender, de uma vez por todas que precisa de fazer uma reforma no mundo laboral. Precisa de fazer grandes mudanças. Nós os mineiros não vamos ficar por aqui nas nossas reivindicações”.
           Os mineiros deverão ser ouvidos nos próximos dias no quadro de um inquérito ao acidente de agosto. Os resultados preliminares apontavam para várias falhas de segurança, nomeadamente a falta de uma saída de emergência no túnel onde se registou o desmoronamento.
           É importante que os mineiros e o movimento sindical chileno instrumentalizem a repercussão mundial desse episódio como uma força para regulamentar lacunas na legislação do trabalho em nível mundial, da mesma forma de outros acidentes históricos promoveram.  Não se deve admitir que a desregulamentação da legislação trabalhista promova novos acidentes como o de Copiapó.

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